terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Beasts of No Nation, 2015

Já imaginava o que eu iria encontrar aqui, mas ainda assim fui pega de surpresa, e em algumas cenas eu tive que parar o filme, respirar e voltar. Tem que ter estômago, não é um filme para todo mundo, não é um filme sobre a guerra, é um filme sobre a crueldade realista de crianças que se tornam soldados de guerra.




Esse filme é o primeiro longa-metragem original da Netflix, lançado em 16 de outubro 2015, pela empresa em streaming e no mesmo dia em algumas salas cinemas no EUA. Baseado no livro homônimo do autor nigeriano Uzodinma Iweala.

A população de um vilarejo (não sabemos quando, nem onde), levam suas vidas "normalmente", crianças brincam nas ruas pela vizinhança em meio a soldados que esperam a chegada de ordens para avança com a guerra na disputa pelo território, até que, o menino Agu, interpretado por Abraham Attah, vê sua família se desfazer e num momento seguinte, sozinho e perdido ele é encontrado pelo Comandante e seu "exército", é obrigado seguir suas ordens, sem escolha ele passa a ser um guerrilheiro tendo que seguir em frente, numa jornada violenta, com perda total de sua inocência e integridade.



Este filme é contado sobre o ponto de vista do menino Agu, apesar de ser um filme aparentemente igual a outros tem certas particularidades. É uma produção fantástica, a cinematografia chega a ser poética diante do caos e da brutalidade retratada aqui, a direção é de Cary Fukunaga (o mesmo da primeira temporada de True Detective, quem assistiu percebe semelhanças). A fotografia é maravilhosa e representa bem a realidade e o pesadelo vivido pelo protagonista mirim num balé de cores entre o natural e surreal, os efeitos especiais acrescentam a realidade que faltava, as locações são belíssimas e os planos sequências são interessantes, eu me peguei num mergulho profundo na trama, essa combinação caiu muito bem com a trilha sonora.




A interpretação do menino Abraham Attah, é uma das melhores interpretações mirins que eu vi. Ele tem os olhos da criança inocente cheia de esperança e do menino que deixou de ser essa criança para ser tornar algo que ele mesmo se surpreende ao perceber a que ponto chegou, numa reflexão que o personagem faz ao longo do filme, a gente acredita nos sentimentos dele, a dor de suas perdas, sua coragem e atrocidades que comente, são perfeitamente retratadas, é uma grande atuação. 
Esse é o primeiro personagem de Abraham Attah, e ele levou o prêmio Marcello Mastroianni de Melhor Ator ou Atriz Jovem, só pra constar! 





O Comandante, interpretado pelo excelente Idris Elba, me deixa sem palavras, ele interpreta um personagem carismático, ele fala da sua causa, que é o melhor a fazer, com discursos muito convincentes e se coloca como uma figura paterna, as vezes é como um líder religioso, e ganha a confiança do seu exército. Por outro lado, é um homem frio, extremamente violento e repugnante. 
Idris recebeu o prêmio SAG Awards (Sindicato dos Atores) de Melhor Ator Coadjuvante, e continua sendo premiado por esta atuação.






É um filme muito bem produzido, dirigido e roteirizado, não nos poupa da realidade brutal de ter crianças na guerra, sem exageros, e sem alívios cômicos, o filme mostra o que tem que mostrar para contar bem a sua história, não há rodeios, ele é direto ao ponto, a carga emocional é intensa. Um filme que não será facilmente esquecido.












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