Eu nunca joguei "Warcraft", não fazia a menor ideia do que aconteceria no filme, não posso julgá-lo como adaptação do jogo, mas também nada me impede de dizer que como adaptação de games tivemos algumas bombas por aí, lembro-me de Mortal Kombat que eu amava jogar e o filme foi decepcionante e o que dizer então de Street Fighter que ainda tinha Van Damme e o saudoso Raúl Juliá, e nada salvou aquela adaptação. Vendo por este lado, posso afirmar que este, Warcraft: The Beginning (título original), vindo dos games, é uma ótima surpresa.
Na sinopse, a região de Azeroth sempre viveu em paz, até a chegada dos guerreiros Orc. Com a abertura de um portal, eles puderam chegar à nova Terra com a intenção de destruir o povo inimigo. Cada lado da batalha possui um grande herói, e os dois travam uma disputa pessoal, colocando em risco seu povo, sua família e todas as pessoas que amam. Partindo desta premissa o filme é direto ao ponto temos muita coisa interessante e mesmo para quem nunca jogou, não é difícil se deixar levar e curtir bastante.
A começar pelo CGi, o filme é espetacular, arrisco dizer que é o melhor efeito visual do ano, até aqui. A captura de movimentos é uma coisa incrível, os Orcs são o ponto alto do filme, tanto na construção dos personagens (que ainda não é muito satisfatório) quanto na sua história e até a atuações, que mesmo sendo usado CGi a gente sente toda emoção na atuação dos atores que estão de parabéns. Eu quero destacar o trabalho do ator Toby Kebbell que interpreta Durotan, alias eu venho gostando cada vez mais do trabalho que ele faz em filmes usando esta técnica, na série de filmes Planeta dos Macacos ele interpreta o Koba, para mim ele é o ator que mais se compara com Andy Serkis, o Ás do Motion Capture. Dito isto, em Warcraft, todos os Orcs são muito bem representados por seus respectivos atores por trás de todas essa tecnologia. Durotan é chefe de um dos clãs e ele tem a responsabilidade com seu povo e sua família, é o personagem mais envolvente da trama e com ele traz outros personagens e nós compramos o barulho deles. Inclusive o do vilão.
Já o lado dos humanos não é tão convincente, temos Dominic Cooper que interpreta o Rei Liane Wrynn, em uma ou duas cenas ele se sai bem, de resto, não existe emoção no personagem que está ali defendendo seu povo, é clara a falta de expressão se comparada a luta pela mesma causa do lado dos Orcs, é um personagem que deixa muito a desejar. E todo elenco humano é muito forçado, o desenvolvimento de personagens deste lado não existe, falta de talento, falta tempo, é falha a direção neste aspecto. A direção é do filho de David Bowie, Ducan Jones, ele bom com sci-fi e aqui ele é bom também, mas pecou neste detalhe. Para não dizer que foi perda total, temos o Guardião interpretado por Ben Foster, seu personagem é o Medivh e eu gostei muito, as cenas dele são bem interessantes, longe de se comparar a interpretação de qualquer ator que interpretou os Orcs, mas ele foi bem principalmente nas cenas de magia, um ponto muito bem explorado e estarrecedor, pela credibilidade que nos é passada.
Este longa tem momentos de deixar o queixo caído tamanha a grandiosidade desse universo, infelizmente mal explorado, que me deixou querendo ver um pouco mais. Além da direção de arte que é um show, figurino e maquiagem também merece aplausos. Os enquadramentos em algumas cenas incríveis, um especial do ponto de vista de um Orc e sua cria que eu adorei. Sem falar nas cenas panorâmicas do universo visto do alto, é sem igual. Digno de comparação com fantasias tão incríveis como O Senhor Dos Anéis, Game Of Thrones e a saga de Harry Potter, só que numa escala menor, pois para que ele se tornasse grande precisava ter esse inicio mais bem desenrolado, eu tive a impressão de está vendo um resumo mal contado de uma história, pois são muitos elementos e não ficou claro o que o filme queria que nós víssemos além das diferenças e semelhanças entre Orcs e Humanos, entre a magia e seres fantásticos, talvez para os gamers da série seja mais válido, repleto de referencias, mas é um filme, então isso é um ponto negativo da direção, edição e roteiro. É uma pena o filme ter sido tão corrido, ele poderia ter se esticado por mais meia hora e nos deixar ainda mais envolvidos. Mesmo assim é muito bom.
E eu ainda não falei da parte de sonorização. Os efeitos sonoros e mixagem de som são bons demais, e a trilha sonora original é marcante e condiz bem com cenas de batalhas (que são muito bem feitas e coreografadas, satisfatoriamente bem editadas), também ajuda a aumentar a grandeza das cenas externas, principalmente aéreas, do mundo a ser descoberto. A cenografia também é bacana e em ótima harmonia com o CGi não deixando aquela sensação de excesso do chroma key que vimos na maioria dos filmes hoje em dia. O que fica a desejar são as cenas mais fechadas e picotadas das externas, ficamos querendo ver mais do que a câmera do diretor permite.
Veja o trailer:
No final das contas, o longa, me agradou bastante, para quem gosta de fantasia, com certeza não vai se decepcionar, tem humor na medida certa, é tenso e instigante, mas faltou esforço por parte de alguns personagens e da direção. Ainda assim vale a pena a diversão, não é só um filme cheio de bons efeitos, o roteiro é simples mas não decepciona apesar de alguns convenientes.
Ah, e o 3D (pelo menos na sala que eu assistir) foi um dos melhores que já vi, depois de Mad Max: Estrada da Fúria.
Vocês ainda estão aí? Vão voando para o cinema!
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