Baby Driver (no original) é um daqueles filmes que a história não precisa ser grandiosa para prender o espectador, porque é como ela é contada, e neste caso temos uma elegante narrativa, que faz toda a diferença. Um filme divertido, inteligente, com uma musicalidade incrível que não perde o ritmo e supre a falta de um roteiro original.
Na sinopse, o jovem Baby (Ansel Elgort) tem uma mania curiosa: precisa ouvir músicas o tempo todo para silenciar o zumbido que perturba seus ouvidos desde um acidente na infância. Excelente motorista, ele é o piloto de fuga oficial dos assaltos de Doc (Kevin Spacey), mas não vê a hora de deixar o cargo, principalmente depois que se vê apaixonado pela garçonete Debora (Lily James).
Cinematografia colorida e descontraída, figurinos sofisticadamente apropriados, uma bela seleção musical e cenários que "cantam junto", são parte da diversão. A maioria dos movimentos dos atores e elementos que compõem o cenário estão sincronizados, tiros, caminhar na rua, o para-brisa do carro, a letra da música ajuda a contar um trecho da cena ou pode estar pichada em um muro... Tudo faz sentindo numa organização com efeito sensorial musicado que faz a gente bater o pezinho o filme inteiro.
O diretor Edgar Writh dá uma dinâmica impressionante numa trama que pela sinopse seria morna e familiar demais se não fosse a excelente edição sonora, montagem e trilha (composta por músicas sensacionais!), num casamento perfeito preenchendo tudo que o raso roteiro não sustentaria sozinho. Enquadramentos diferenciados, movimentos de câmera e mixagem de som (que merece uma bela indicação ao Oscar) ligados aos cortes perfeitamente sincronizados, têm o efeito hipnotizante, tanto visual quanto sonoro, e esta sonoridade praticamente assume um papel de protagonista da trama junto à atuação de Ansel Elgort que cumpre e entrega o que promete.
Kevin Spacey, Jon Bernthal, Jamie Foxx, Jon Hamm, Eiza González, compõem uma turma do crime da melhor categoria no quesito diversão. E quem salva mesmo a pele desses desajustados vilões e rouba a cena é o motorista Baby! Todos têm seus papeis bem caricatos e divertidos, as atuações são convincentes com bom desenvolvimento dos personagens, não há aqui uma pretensão de atuações acadêmicas, todos parecem se divertir nesta trama com ares de filme cult e um leve toque gore que a princípio não mostra a que veio e com isso consegue surpreender quem vai ao cinema apenas procurando entretenimento com o mínimo de qualidade.
Lembrando que mesmo com cenas de ação que valem o ingresso, não é um filme de ação propriamente dito, tem bons momentos de perseguição, muita violência, a carga dramática que o protagonista carrega, ótimas tiradas verbais e visuais com um toque de humor negro, e "climinha" de romance musical juvenil, tudo isso muito bem equilibrado, sustenta de maneira satisfatória, a atenção do mais descompromissado espectador.
Veja abaixo a cena de abertura completa, só pra deixar com gostinho de quero mais! Divirta-se:
Trailer:
Nenhum comentário:
Postar um comentário