Definitivamente este não é um filme que vai agradar a todos, dito isto vamos por eliminação: Primeiro, se você não sabe qual é o verdadeiro sentido para "metáforas", nem perca seu tempo. Segundo, se você só gosta de filmes com ação, passe longe. E terceiro, se você passar da "cena da estrada" sem sentir um soco no estômago, provavelmente não terá sensibilidade para entender o que o filme vai te entregar a partir daí. Mas se você curte um suspense psicológico daqueles que devagar vai te engolindo te fazendo associar personagens, objetos, ações e até transições de cenas... Você está preparado para este filmaço, mesmo que lhe pareça desconfortável logo nos primeiros minutos.
Filme premiado no Festival de Veneza 2016, apresenta uma história dentro de outra história, são três narrativas que cruzam um paralelo entre elas e o resultado não podia ser melhor: um final perfeito! Aliás este filme é praticamente perfeito. Na sinopse, Susan (Amy Adams) é uma negociante de arte que se sente cada vez mais isolada do parceiro (Armie Hammer). Um dia, ela recebe um manuscrito de autoria de Edward (Jake Gylenhaal), seu primeiro marido. Por sua vez, o trágico livro acompanha o personagem Tony Hastings, um homem que leva sua esposa (Isla Fisher) e filha (Ellie Bamber) para tirar férias, mas o passeio toma um rumo violento ao cruzar o caminho de uma gangue. Durante a tensa leitura, Susan pensa sobre as razões de ter recebido o texto, descobre verdades dolorosas sobre si mesma e relembra traumas de seu relacionamento fracassado.
Temos aqui um roteiro redondinho, não há pontas soltas. A direção de Tom Ford é tão precisa nos detalhes que até objetos de cena falam por si só. A cinematografia clara e fotografia sofisticada na narrativa que se passa no presente reforça o vazio e retrata as aparências da vida de Susam. Já a paisagem seca e fotografia quente da história que se passa na leitura do livro é sufocante, representa a vida que Edward teve que enfrentar. O diretor cria metáforas ainda mais complexas, mas que não são tão difíceis de entender, apenas muita atenção e sensibilidade para fazer as ligações necessárias e desfrutar dessa obra tão bem elaborada.
"You may never get it again". Eu ouvi algumas pessoas falando que não gostaram do final. O filme é sobre muitas coisas, arrependimento, vingança, as descobertas tardias que fazemos sobre nós mesmos... o final é sobre isso, mas ele é representado "naquela cena" apenas para fechar o filme, na verdade o que define o final vem antes mesmo dele acontecer. Um dos mais satisfatórios que eu já vi, pode até não ser surpreendente, mas é um final perfeito.
Animais Noturnos é um filmão com grandes atuações, bom roteiro, com ótima direção, envolvente, perturbador, provocante e bastante reflexivo, mas não é para todos os gostos.
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